(Innocenza encontrava-se delirando, o sol e o céu eram o que de mais lindo poderia haver. Contemplativa, olhava o céu, para depois ver as marquinhas que esse deixara no silêncio dos seus olhos fechados. Sentia-se cansada das pessoas, dos arrogantes, dos fracos e dos mentirosos. O sono lhe acompanhara).
Risadas e mesquinharias regadas a cigarros e cafés, além das inúmeras farsas, dissimulações. Ah... que medo sinto eu – exclama Innocenza.
Segunda canção da morte em vida
Em tarde primaveril nasceu à negra flor
Reguei-a em lindo jardim, ao suave sereno
Que de tudo era pequeno – oh maldita dor!
Canta canta, enaltece a bela flor...
Em espetaculares noites senti seu cheiro
Maquiei sua existência, profanei
O mundo inteiro! Para tão logo
A negra flor tomar o copo de minhas mãos
(M’)O jogar contra a parede
Manchando meu vestido, causando minha sede...
Mal rompeu o sol e logo senti-me doente
Minha estupenda flor era uma serpente
O perfume? É seu veneno mais requintado.
Velo por ela, em silêncio inodoro.
Saudamo-la, oh queria Innocenza, que de tu brotes vegetações das mais variadas, e que tu queimes toda peste que nelas existe. A ti presenteamos com a mais bela capela: à tua morte Innocenza.
Lembro-me bem como foi à sensação: a noite era quente e cheirava a jasmim, o vento, muito agradável, fazia dançar os galhos das árvores de folhas extravagantes. Havia um lindo castelo, ao centro da clareira do bosque: acontecia um baile de máscara. As pessoas sorriam lentamente, por debaixo de suas máscaras, e dançavam de forma sincrônica – a música era fúnebre, e homenageava meu velório.
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