Vejo, através da janela molhada - e dos olhos molhados -
o trem passar, vagaroso.
Ouço, deitada em minha cama, o trem.
Queria ser o trem
Que percorre longos caminhos e se oculta
Por detrás das montanhas
Queria ser o trem
Que atropela brutalmente o trilho
E o que passa por sobre ele
Queria ser aquele trem
Cujo som metálico lembra os gritos
Das dores de quem o fez
Queria que entre eu y o trem
Existisse uma cavilha
Que nos tornassem um só.