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sábado, 21 de janeiro de 2012

Eu e o trem

Vejo, através da janela molhada - e dos olhos molhados -
o trem passar, vagaroso.

Ouço, deitada em minha cama, o trem.

Queria ser o trem
Que percorre longos caminhos e se oculta
Por detrás das montanhas

Queria ser o trem
Que atropela brutalmente o trilho
E o que passa por sobre ele

Queria ser aquele trem
Cujo som metálico lembra os gritos
Das dores de quem o fez

Queria que entre eu y o trem
Existisse uma cavilha
Que nos tornassem um só.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Há um tumulto de vozes aprofundado
em mim. Acompanham-me todas,
como perfuradas em meu estômago.

Murmuram sobre a velha foto de chapéu e flores,
sobre escorregar no chão em qualquer chuva..
sobre segredos eruptivos.

Enquanto isso, segredos
se transformam em vozes.

Há um tumulto de vozes aprofundado
em meu silêncio.

Intercadente a minha figura.