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segunda-feira, 31 de maio de 2010



Trecho de um texto escrito hoje, 31 de maio de 2010:

"...Por quanto tempo suportarei a existência não sei, mas certamente são em momentos como esses, em que o vento é tão forte que derruba e quebra meu espelho e meu relógio, que existir não é um fardo, que ser é muito menos que estar, que amar é muito mais que tudo: apenas existo, mais nada.

Vou partir

Meu destino

Não tem gravidade

Fisicamente

Não existe gravidade."

quinta-feira, 20 de maio de 2010

sem tentar disfarçar LIBERDADE, pois na luz do dia ou da noite, (ah...) o tempo não passava e saía por aí:
apenas para andar
apenas para olhar e pensar
Sem dinheiro sEm rumo seM idade.
O tempo não passava para ela, mas passava para o tempo: ainda é cedo, mesmo já tendo sido tarde... O tic-tac variando no compasso das batidas da bateria, as guitarras gritavam: ELA era livre!!! não podia ver novidades sem agarrá-las e se diluir-se em encantos, pois as novidades eram tão atraentes quanto o vento do sul.. e foi assim que, quando ela olhou para dentro e viu seu corpo mergulhado num mar de cores e fantasias inexplicáveis, a música que ele emitia penetrava nos poros DELA que já era uma viciada.

Ela morreu há pouco tempo.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

?no exato momento

Aqui, onde tudo acontece, onde os invernos e os verões são violentos - e a violência é perene - existe, em antagonismo ao que é, a morte. Nunca, verdadeiramente, desejei morrer: o desejo na verdade era provocar, em específicas pessoas, o que os símbolos da morte causam. Fragilidade inocente e acima de vários fatores, um rito de passagem.
Lucineli Pikcius


Foto: solidão na praia, outono de 2006, eu acho.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

"Se de maçãs tanto gostas,
não vás com o Éden sonhar.
Também eu no meu pomar
cá tenho maçãs bem-postas."

GOETHE In: Fausto

terça-feira, 11 de maio de 2010

Ciclo

nada a declarar... me esqueci por aí, dobrei a esquina e me perdi! O pedaço que aqui está já está se despedindo; as visitas são muito rápidas - só sente o vento frio tocando o ombro, só ouve os pequenos ruídos da noite, a música é o resgate que me vem.

Aquela coisa, como delirar frente a uma lareira, vodka aah, doces sonhos. Não preciso de comida, não preciso de água, muito menos de dinheiro. Não preciso da certeza de vida, arrisco-me. O céu é lindo, o mar é como o ventre quentinho, nada mais que paz... nada mais que, paz.

Respondo a ti, para que não escutes:
- Eu quero um café, eu sempre quero um café!

...e foi assim, esses dias de outono, ah, mês de maio... um dia lindo. Amanheceu, o céu azul fez saltar meu coração. êxtaseTotal. Muita fome, intensas descobertas. De tardezinha foi esfriando, as folhas, aquele tom de madeira, aquele cheiro de partida, de adeus. O sol se pôs.


Imagem: Sombra do chapéu, beira rio...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

asfixia capital

Doente crônico com periódica aceleração do batimento cardíaco e falta de ar insuportável. Andando pelas ruas da pequena cidade que nasci vi o símbolo da miséria na pobre face de um homem que por ali estava... sensação como a de ontem, o cachorro tinha espasmos nervosos, de tanto frio que fazia. Desesperadamente fico covarde! E tão somente por que “preciso” continuar na miserável rotina imposta.

“A precária democracia de hoje não sobrevivera a espera tão longa para extirpar o câncer da desigualdade”, bem colocado por José Murilo de Carvalho.



Foto: Catadores de produtos recicláveis - Fazendinha Cwb
no blog do CASO: www.casopucpr.blogspot.com

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Calafrios...

Agora sim, diferentemente de antes, fez-se a profecia da morte em vida, e sobretudo do renascimento, bem como a chegada do capitão Cook na ilha Sandwich, "oh Deus Lono", cheguei inteira: a viagem se deu num tenebroso mar de lágrimas. E descubro, docemente, que estabeleço símbolos para minha felicidade - que não tem nada de aristotélica - como o ritual pré-leitura, café e cigarros... Embriago-me, saindo de um estado de sub-vida, ao beber um pouco de ciência... (PS: Hoje bebi Florestan Fernandes, amanhã o farei novamente)!

ou, nas palavras de Gide

"Conheci o vinho encorpado dos albergues que volta à boca com um gosto de violeta e provoca o sono espesso do meio dia. Conheci a embriaguez da tarde, quando parece que toda a terra vacila sob o peso de pensamento poderoso.
Nathanael, eu te falarei da embriaguez.
Nathanael, muitas vezes a mais simples satisfação foi para mim uma embriaguez, a tal ponto, antes, eu já estava embriagado de desejos." - André Gide


Imagem: Saudando a chuva do alto da montanha.