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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

“Não é só de meia-luz que vive o poeta” – eis que pensa Innocenza. O acorde perfeito que faz um pobre coração pulsar é como um oásis: quando o vejo, longínquo, galgo sem freios em sua direção, desejando a paz contida no vinho amadeirado. Do vinho nasce um sangue da cor do amor, saboroso como um coração que se emociona. Do coração nasce uma simples simples alegria, que deságua num sorriso sozinho na noite, escondido atrás de sonhos cuidadosamente pincelados. Dos sonhos surgem os medos, pois quando reconheço a legitimidade de meus sonhos, torno-me um peixe minguado, nadando na contra-maré das águas do Atlântico. Nas águas encontro o suave olhar que, talvez um dia, duvidei existir. De dia, as nuvens formam sentimentos abstratos de fuga, de noite, a lua empalidece a existência de um ser que pensou um dia ser fácil a vida. De noite encontro, por trás das garrafas de vinho do oásis – onde as flores do campo enfeitam-no de cores várias – o acorde que traduz minha voz muda, que diz ser aqui o ambiente perfeito para nós.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Denegrir-me, e não esclarecer-me!

Uma parte de mim achei perdida na mata das araucárias

A outra, esparramada pela tal Europa, de Portugal a Lituânia.

Na mata eu li Machado de Assis nua, nem lembrava!

Em Vilna ou em Lisboa, li Machado de Assis bêbada

Nem lembrava! Mas tudo isso aconteceu no Brasil.

Na mata das araucárias, ou na mata dos concretos.

Machado de Assis achou-me, num momento indiscreto.

Não sei se bebo ou tiro a roupa, mas vou pegar Assis.