Abriram as cortinas:
Vi no palco um livro de alquimia,
Protagonista do espetáculo da
minha não-vida.
Abriram-no:
Foram mãos de um invisível corpo
De quem a boca proferia poesias
Rebeldias, acasos - Agulhavam
Me.
Pus-me a criar os meus dias
Inspirada no livro de alquimia
Criei palavras, sons
expressões corporais
Pincelei o preto, o branco
O brilhante.
Estreiou o tempo. Finalizando
O espetáculo do livro de alquimias
Encantou a maioria e
protagonizou minha "vida".
Fecharam as cortinas e vi com clareza
os corpos que folhavam alguns livros
... que já não significavam nada.
Restou-me rebeldia,
Não deixaram qualquer possibilidade de vida.
Nota
1. Refiro-me a alquimia fazendo uma analogia aquilo que podemos descrever enquanto possibilidades de descobertas e criações autônomas das determinações geradas pela configuração econômica, política e social.