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terça-feira, 27 de julho de 2010

Escolhas

As flores da estrada que caminho me agradam, ah... são belas e cheirosas. Nas encruzilhadas não consigo ver meus passos, e meu pensamento é embebido de interrogações: todas, intensamente. Dilema que dói, que aperta no peito, faz o coração pedir ajuda, ajudem-me por favor!

Desesperada, entre as flores orvalhadas
Um assombro do destino: dúvidas!

Eu sei, mas não foi fácil...

quarta-feira, 21 de julho de 2010

de repente, agora..

ei Innocenza, olhe para mim, aqui, aqui no cantinho. Está vendo essa vela e esses fósforos? Acendei. Chegue mais perto, deixa-me contar um segredo: condicionastes, oh minha Innocenza, tua rara existência à desejos transitórios. Doastes de bom grado teus cuidados aos trapaceiros. Percebes?

(...)

terça-feira, 20 de julho de 2010

doenças de inverno

Mais duvidas que certezas, mais erros que acertos. Meus pensamentos vagando em imperiais castelos nebulosos, minhas lágrimas... não sei ao certo porquê caem, só caem. Construo e destruo realidades, invento. Ainda é inverno, não agüento mais a combinação mórbida de frio e solidão, de uma vida que pulsa discretamente, quase invisível. Talvéz já saiba: não sei o que quero, as vezes eu quero mesmo é nada querer.
Hoje fiquei doente, e aqui, na terra de pinhas e pinhões, a doença no inverno é quase insuportável. Fiquei doente e fiquei carente, andei pelas ruas: nunca sem rumo. Carente, tomei café da tarde, sozinha, li, sozinha, gozei febre, sozinha. Relacionei fatos a fotos e envelheci meu pensamento, um pouco. Desejei e consequentemente duvidei de mim, de nós, da vida. Pensei, como antes já ocorrera, que pareço uma dessas pessoas que morre aos 27, espero que não, quero ter o prazer de descrever a vida na velhice. Ou a sorte. Ou o fardo.
Carente do que nunca aconteceu, do abstrato, do imaginário: de amor.
Doente de gripe, e do coração.

sábado, 17 de julho de 2010

Café da tarde

Sim, eu gosto da vida, mas não por isso reprimo-me em falar da morte... inevitável que é. Que bom é sentir-se viva, - respiro fundo, contemplo o mundo. Passeando estava eu, no caminho perfumado com aroma de chuva, o mato, os buracos da estrada y a agradável melodia italiana: o velho rock’n roll ao vinho branco. Pulsou a vida, sorriu para mim.

essencialidade e a segunda parte do consolo de Innocenza

Não compartilhais com ninguém
o todo que te forma
Escute Innocenza
Conforma-te contigo mesma
E anda sem olhar para trás.


quinta-feira, 15 de julho de 2010

Fins...

Solidão que arde, que queima, que desespera. Nenhuma dessas cores e nenhum desses sons são capazes de substituir a presença de... de quem for. Innocenza sofreu de amor, e todas as suas dores foram curadas por outras. Ninguém não tem dor, é nossa fase mais pura, é o trajeto eterno e contínuo da vida. O frio era tão forte, Innocenza estava enrolada em um cobertor, na sala de estar de Vladmir. Ah, que tristeza foi, a pobre Innocenza sentiu-se como o sonhador das noites brancas de Dostoievski. – nunca senti saudades de ninguém como sinto de Ella. – exclamou Vladmir. E mais uma vez Innocenza conheceu a morte, e cantou em tom baixo:

Madrigal das noites de inverno


Perdida estou, no Sul, no vento frio
Com a boca amarga e mãos atadas
Tentando ouvir passar o rio

Dentro de mim existe solidão
Correndo em minhas veias
Misturada com meu sangue
Sangue frouxo em veias fracas

Oh interminável silêncio
Que abriga minh’alma
Vem, contigo, a dor
De estar desolada
Triste e calada
Nesse salão vazio
Onde ocorre um baile de máscaras
Onde existem baratas e traças
Debaixo do tapete vermelho

Nov/2009 e Julho/2010

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Difícil desvendar a vida, a particularidade que ela tem... ah, donde vem essa dor? Donde vem essa tristeza? Sinto-me assaz sozinha no mundo.

sábado, 10 de julho de 2010

In: Contos Ocultos (que ainda não existe)

Houve um dia em que Innocenza pensou ter encontrado a felicidade, houve um dia em que Innocenza teve esperança, em que nela havia aquela aura bonita de não saber muito sobre a vida. E por não saber, achava que era feliz até mesmo quando suas lágrimas escorriam pela face, molhando suas roupas, noite após noite, pobre Innocenza!

Escute Innocenza,
Conforma-te com tua solidão,
Pois dela nascerá tua singular pureza
Teu grito maior, tua libertação.

domingo, 4 de julho de 2010

In: Contos Ocultos (que ainda não existe)

Visito submundos do pensamento
Uma correnteza de vinho azedo
Uma vida de nada
Abismo profundo!

Devaneios da noite na garagem

Innocenza andava a caminho do apartamento de Vladmir Uriah, buscando a mesma sensação que há muito tempo alternava em estabilizar e intensificar. A ela cabia amar Vladmir por toda vida. Naquele dia o desejo assaz tomava conta de suas almas, e de seus corpos. Innocenza sabia que Vladmir provavelmente não estava sozinho – diferentemente dela, que estava acompanhada por exatos momentos, e só – sua família o acompanhava. Era véspera de Natal, e mesmo isso nada significando para ela, existia um tímido vestígio cultural expresso em forma de "clima no ar". Vladmir foi ao encontro de Innocenza, nas entranhas cinzentas das redondezas de sua residência, amaram-se, ao estilo desses amores seculares, raros. Vladmir insistiu, irracionalmente, para que ela subisse aos seus aposentos. Innocenza não sabia onde estava sua esposa, embora isso a preocupasse um pouco. Levou-se, euforicamente, a subir ao apartamento de Vladmir, onde tantas vezes mergulharam em volúpia. Lá, Vladmir a levou para cozinha e mostrou-lhe os aperitivos natalinos, que alguma de suas criadas preparara, Vladmir rasgou um pedaço da carne crua, cuja origem Innocenza não sabia qual era, e levou a boca, rapidamente, degustou, saboreou, - belíssimo. Vladmir me enojava as vezes, eu jamais teria criadas. Lascou outro pedaço, salgou e num susto deu-lhe em sua boca... repugnando-se Innocenza cuspiu, cuspiu muito, a expressão de nojo em sua face fez Vladmir exclamar, preocupado. – você é vegetariana meu bem!

As imagens cinzas tornam-se coloridas e belas, por suas mãos
E a doçura de sua presença esporádica faz-me louca, fluida.


Mas não engoli o pedaço da carne crua! Jamais o faria. Sim, amei Vladmir de maneira secular e rara. Na varanda indiscreta do apartamento dele, no momento em que nossas mãos repousavam silenciosas e entrelaçadas, vi surgir entre a porta o rosto de uma criança, um menino olhando tristemente, logo reconheci. – seu filho Vladmir, sabia que era arriscado, exclamei. Pai e filho abraçam-se, e eu... Eu fico a pensar e a sentir sobre a ocasião, imóvel.



O julgamento

Na sala de estar encontrávamos eu, Vladmir e sua esposa, Ella Desoir. Ella, calma e decepcionada, aparentando já saber de nossos encontros, de nossa historia. Nesse momento Ella era simultaneamente juíza e vitima. Questionava-nos sobre o que estava a acontecer. – desde quando? Perguntou tremendo sutilmente. – há muitos anos, quase vinte. Respondi. Ella mergulhou num rio de desesperos, de forma a fazer-me pensar sobre os motivos que levaram Vladmir escolhe-la oficialmente, e não a mim.

O tempo

Tanto não sei o que acontecera antes disso
Como não sei o que acontecerá depois

Os fatos misturam-se, confundem-se
Entre os reais e os sonhados



A eternidade da solidão
Deliciosa água morna ao vento fresco e céu azul: eis-me aqui há tantos anos, procurando, inutilmente, teu aconchego. Todos os que vêm e os que vão deixam comigo um farelo de sua totalidade, uma vontade de mudança, uma mudança real. Passo pelos becos do tempo contemplando as facetas minimalistas da vivencia humana, ocidental. E sempre só, em meus desvios, em meus instintos, em todas de mim mesma.

sábado, 3 de julho de 2010

a vida da senhora Innocenza

(Innocenza encontrava-se delirando, o sol e o céu eram o que de mais lindo poderia haver. Contemplativa, olhava o céu, para depois ver as marquinhas que esse deixara no silêncio dos seus olhos fechados. Sentia-se cansada das pessoas, dos arrogantes, dos fracos e dos mentirosos. O sono lhe acompanhara).

Risadas e mesquinharias regadas a cigarros e cafés, além das inúmeras farsas, dissimulações. Ah... que medo sinto eu – exclama Innocenza.

Segunda canção da morte em vida

Em tarde primaveril nasceu à negra flor
Reguei-a em lindo jardim, ao suave sereno
Que de tudo era pequeno – oh maldita dor!

Canta canta, enaltece a bela flor...

Em espetaculares noites senti seu cheiro
Maquiei sua existência, profanei
O mundo inteiro! Para tão logo
A negra flor tomar o copo de minhas mãos
(M’)O jogar contra a parede
Manchando meu vestido, causando minha sede...

Mal rompeu o sol e logo senti-me doente
Minha estupenda flor era uma serpente

O perfume? É seu veneno mais requintado.
Velo por ela, em silêncio inodoro.

Saudamo-la, oh queria Innocenza, que de tu brotes vegetações das mais variadas, e que tu queimes toda peste que nelas existe. A ti presenteamos com a mais bela capela: à tua morte Innocenza.

Lembro-me bem como foi à sensação: a noite era quente e cheirava a jasmim, o vento, muito agradável, fazia dançar os galhos das árvores de folhas extravagantes. Havia um lindo castelo, ao centro da clareira do bosque: acontecia um baile de máscara. As pessoas sorriam lentamente, por debaixo de suas máscaras, e dançavam de forma sincrônica – a música era fúnebre, e homenageava meu velório.

Sensações visuais


as águas jamais serão as mesmas.