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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Dos aplausos e de nós

os aplausos são como flechas afiadas
que chegam até nós por nós mesmos
e através de mãos que anseiam alguma coisa

os aplausos são como flechas envenenadas
são como facas, como imãs gelados

chegam até nós por que nós mesmos
queremos essas flechas cravadas em nossos corações
nas nossas cabeças e pernas

aplausos são troféus pesados que esmagam nossas mãos
aplausos são nossas mãos pesadas
nossa coluna curvada

chegam até nós na velocidade do ar, pela via mental
chegam, ficam, se espalham

os aplausos podem ser mãos, flechas, troféus
mas também podem ser apenas
mais uma das coisas que nos cercam

sem precisar sorrir, sem precisar chorar
aplausos são vibrações que podem nos levar mais pra um lado
pra outro, mais pra frente, mais pra trás

mas também podem ser contemplados
do aconchegante lugar do meio, aonde o pêndulo pára.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Curitiba Cinérea

Tem alguma doçura no céu cinéreo de Curitiba
Vem do desejo, que em minha boca saliva.

Tem algum aconchego no ar frio que me atravessa
São nuvens e gotas das minhas próprias promessas.

O céu cinéreo, o ar frio, o desejo e as promessas...
Tudo isso me atravessa, mas o que fica

São apenas néctares de poesias, assim como essa.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Quando vem a noite

Quando vem a noite
Os versos começam a vibrar no me peito
Entre vontades e goles de chá
Componho rimas, do meu jeito...
Quando anoitece,
A lua aparece segurando um machado,
Quebrando tudo o que foi 
Durante o dia trilhado.
E o passado se esvanece.
A noite representa meus fins:
Meu presente, esmagado entre
O que foi e o que vai ser,
A lua não me deixa estar ausente.
Nessas noites... em quase todas as noites
Quando olho pela janela e vejo
O vento sacudindo as árvores,
 - Noites que interrompo o silêncio
Com canções que me emocionam - 
Permito que a lua me atinja
Com seu machado!
Para que eu possa renascer amanhã
Com o coração  enfim desabrochado.

Que assim seja, todos os dias (:



segunda-feira, 9 de novembro de 2015

o que em mim é verdade?


O que em mim é verdade?
Foi o que me perguntei, aos 27 anos de idade.

as pedras, sobrepostas umas as outras
formam cachoeiras onde a água corre

a água corre e escorre
escorre pelo meu corpo
salvando-o de toda poeira
revelando pintas, cicatrizes
e poeira vira poesia.



quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Amor

Não me reconheço
Nos olhos de quem mal conheço
Que inventam qualidades alheias
A custa de qualquer preço

Reinvento minhas maneiras
Buscando um recomeço
Os olhos que inventaram
Um eu que desconheço
Olham o presente
Com o filtro do passado
Impedidos de enxergar
O amor que ofereço...

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O amor é simples

O amor só pode ser simples
Por que quem complica, é a mente.
E se é ela quem manda e desmanda
No coração,  então estamos doentes.

O amor só pode ser simples
Por que simples é a felicidade.
A tristeza é que é complexa,
Nasce da exagerada atenção
À materialidade.

A felicidade só pode ser meditativa
Só pode vir de uma mente que se permite
Ficar inativa...

Para coração desabrochar,
E transbordar amor,
O Simples e Infinito amor!
 

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Amor

De coração aberto sigo em frente
Não haverá nenhuma distração
Capaz de atrapalhar minha mente
Nem de manchar minha aura
Com ilusões convergentes
Ao caminho que escolhi

Escolher é meu único poder
O resto é só colher...

Minha espinha dorsal está alinhada
Para que minhas serpentes
Fiquem enfim, equilibradas,
E para que eu possa ver o sol nascer
Depois do descanso astral.


Meu hino
É o amor divino...

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Me perdi por um instante

Me perdi por um instante
Mas não o bastante para não mais me reconhecer

Abandonei meus versos num beco escuro
Onde jamais alguém poderia ler

Minha razão, meu coração foram
Despedaçados no trajeto da insistência dos prazeres
Coisas tão insignificantes que nada somam
Aos meus saberes

Perdi a mim mesma...
Já não estava dentro de mim, estava espalhada
mal-tratada, mal-cuidada, mal-amada
Pelas ruas da cidade
Péle nua em viva carne

Achei meu corpo em abril de 2015
Restava um fio de vida
Então me peguei no colo
Comecei outra corrida

Aquele corpo ainda era eu
Eu, euzinha, triste e sozinha
Mas viva, e com o peito cheio de amor

Sou uma fênix agora
Chegou a hora
de viver mais uma vez


(...)

sábado, 27 de junho de 2015

descobertas

meus sentidos não são mais o mais importante
minha visão, voltada para dentro
me faz perceber que o melhor da vida
é agora, nesse mesmo instante

os desejos já não me sufocam
a solidão foi re-significada
meu tato está saindo
dessa vaga superfície
estou preferindo o nada
 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

desabafo pra eu não morrer com isso


Oi, estou aqui mais uma noite sozinha no meu quarto. Hoje ouvi mais uma vez que sou uma pessoa fechada, sei que sou, e por que não podemos ser? Hoje ouvi muitas coisas que me deixaram tão triste, parece que tem uma faca no meu peito, de tanto que dói. Coisas da vida! Palpita em meu peito um desespero de estar aqui sozinha, sozinha, absolutamente sozinha. As pessoas por perto não valem, pois me fazem mais mal do que bem, foram elas que colocaram essa faca, que claro, vou tirar e as cicatrizes vão sumir. Estou questionando hoje o que é amizade, fiquei triste hoje pois descobri que alguns amigos não são amigos, fiquei triste por perceber que as pessoas cobram, julgam, definem o comportamento certo e o errado, definem o que devemos ser. Pessoas que defendem a democracia e são ditadoras nas micro relações, defendem o feminismo e são machistas nos seus cotidianos, defendem uma nova sociedade mas agem a partir dos velhos valores. Fiquei com medo dessa tristeza piorar meus rins, ou refletir nos meus pulmões. Tristeza, medo e incerteza, sentimentos que as pessoas causam nos nossos corações, os bichos nunca, só amor.

sábado, 25 de abril de 2015

sou MULHER


Minha história é uma história de opressão,
Talvez esse seja um dos motivos
que tornam a meditação algo tão difícil:

Quando percebi que minha cabeça estava quente
E as extremidades frias,
Dediquei todos os meus dias
A juntar os pedaços de mim,
Espalhados pelas ruas, pelas esquinas.

 

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Aurora


O que mais desejei nos últimos dias foi a calmaria das coisas mais simples da vida, coisas que não se vende no mercado capitalista... Criei problemas novos para resolver problemas históricos que eu própria estava reproduzindo, e o desespero dos fatos caóticos anuviou meus pensamentos por um instante largo, mas breve. Nesse caos conheci um lado da vida tão obscuro que eu poderia dizer que parece o inferno, se eu fosse cristã. Percebi que nessa obscuridade caótica reside sonhos revolucionários que, sem encontrar espaço, constroem espaços ilusórios de libertação. E a libertação aprisiona, pois é falsa. Reconheci como já fui menos e como já fui mais, como o bom e o mal são partes de uma coisa só. O que mais desejei nos últimos dias foi força pra continuar resistindo, e fazer com que meu caos seja re-significado, e que um pouco de harmonia chegue enfim. Desejei ter mais controle de mim mesma, desejei ficar sozinha, fugir, desejei concertar o que se passa na minha cabeça, desejei fazer coisas que antes eram coisas tão simples. Senti tristeza, medo, insegurança, desespero, mas agora sinto que estou absolutamente apta a sentir o contrário de tudo isso. Senti que hoje o sol começou a nascer, e junto a ele uma leve chuva vem regando as sementes espalhadas durante toda essa tempestade, dessas sementes nasceram mulheres livres e fortes, dentre elas estou eu, e que eu mesma consiga gerar novas mulheres, sem precisar usar meu ventre.

terça-feira, 21 de abril de 2015

das coisas antigas que se repetem

Da gota arquitetônica, a escorrer num labirinto,
Revelam-se muitos erros, no que faço e sinto.
Puderas estar calmosa no instante decisivo
Eu ao invés de toda tempestade,
O refugio que se apresenta é o céu
Ou qualquer música,
Com tonalidade cinzenta.