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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Canção da morte em vida

parte 1

Prescindível ato especulativo, eu,
movida por

(...)


curiosidade humana

Explorei lugares escuros
andei por entre esquinas perigosas

Vi o que não queria ter visto
ou o que nunca imaginei querer ver

Coloquei-me no céu, inatingível c(ria)tura
Superior ao belo e ao bom

Ao nada

À morte

Morte da sedutora retórica
Silêncio: peço num susto - A vós, mentirosos.


Foto: discreta solidão

domingo, 13 de junho de 2010

"Hoje foi um dia ridículo, absurdo, estúpido" Dostoievski

A Solidão


ninguém mais vê meus olhos
vedei-os antes que o fizessem por mim

a verdade aparece numa noite fria
vestida com um manto negro

matei-a, friamente.

outono sangrento, domingos dissonantes
singela madrigal que de mim provem

meia-noite
meia-luz
meia-estação

as formas cansadas dos rochedos
às faces de minha insônia

canção sombria, canção assaz desgraçada
escutai-me: apressa-te ao teu deserto
para que de Deus
chegues mais perto.

Lucineli Pikcius


Poesia Empoeirada


... Leva a mão ao bolso da camisa desabotoada, procurando o cigarro que acompanha o conhaque.
... Dá um trago, um gole, mais um gole, levanta-se.
Mi... Procura os cantos da casa, observa, olhar gelado, mecanizado.
... Olha pela janela, respira fundo, fecha a cortina, deita, levanta, senta, levanta, encontra o espelho
Sol... Orgulha-se de se ter, de se ser, vê o fundo do espelho vazio e sabe, e se engana.
... Silêncio da Cicuta,


Si


Titubeia...

Lucineli Pikcius/2006-2010

sábado, 12 de junho de 2010

Vosso Deus... onde está?


Portadores da absoluta verdade, digam-me com toda ironia e arrogância de que são dotados: Nesse instante em que vós gerais dor e sofrimento - onde está Deus? Vós criastes Deus assim? Dispenso esse Deus, esse Deus que perdoa todos vossos erros. Vós, que culturalmente estreitam laços comigo: odeio-vos, por criarem em mim o desejo real da morte. Sois injustos, sois carrascos, nada fiz para receber de vós a ira dos fracassados, dos reprimidos. Repugno-me ao olhá-los, esses pobres iludidos. Vossas razões são lagos rasos, flores sem perfume. Perdeis meu amor, e sim... Por vós apagou-se aquele brilho que exalava de meus olhos, eu, boba da corte, prisioneira que vós escarrais. Eu, imóvel. Perdida. Silenciosa. Triste. Vós, detentores do monopólio da verdade. A vós: Aplausos...

Lucineli Pikcius