Tem algum Brasil que me compõe
E desconheço,
Como o que não posso sentir
Tocar meus pés.
Céu e mar.
Descompasso do samba invertido
Desmedido
Como amar num soluço um dia cinéreo,
Distante
Um não-sol que não-quero
Como mal-te-vi.
Tem Brasil que me queima as faces
Com lágrimas e gritos,
Vindos da concretude de sua história.
O berimbau é um eco numa noite escura
no Brasil.
No silêncio turbulento da minha solidão
Na minha descendência mestiça
Nos meus pensamentos
Meus pés percorrem Brasil
Meus olhos passeiam por toda costa
E nas florestas
Escorre o sangue da vida pré-Brasil
Que pra mim é Brasil
E tudo se mistura em lágrimas de amor
De dor.
Da profundidade de experimentar o sabor
Amargo
Moderno.
Do Brasil dos homens de terno.
Do Brasil dos homens de terno.
Fotos: pés sem trato estético culturalmente aceito