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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Sólo amargo

Tem algum Brasil que me compõe 
E desconheço,
Como o que não posso sentir 
Tocar meus pés.
Céu e mar.
Descompasso do samba invertido 
Desmedido
Como amar num soluço um dia cinéreo, 
Distante
Um não-sol que não-quero 
Como mal-te-vi.
Tem Brasil que me queima as faces 
Com lágrimas e gritos, 
Vindos da concretude de sua história.
O berimbau é um eco numa noite escura 
no Brasil.
No silêncio turbulento da minha solidão
Na minha descendência mestiça
Nos meus pensamentos
Meus pés percorrem Brasil
Meus olhos passeiam por toda costa
E nas florestas
Escorre o sangue da vida pré-Brasil
Que pra mim é Brasil
E tudo se mistura em lágrimas de amor
De dor.
Da profundidade de experimentar o sabor 
Amargo
Moderno.
Do Brasil dos homens de terno.


Fotos: pés sem trato estético culturalmente aceito