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terça-feira, 14 de junho de 2011

Caos

Durante toda minha vida fui forçada ao apego, me ensinaram que o amor era ter, e que ser era mais que estar, em todos os sentidos. Durante toda minha vida mostraram-me regras, sufocaram-me, tentaram definir minha vida, meus passos, meus pensamentos e sentimentos. Fiquei confusa, ainda estou... Por minha pele estar marcada a ferro e fogo com símbolos culturais, e eu estar fortemente imersa nisso tudo, fica difícil pensar e sentir por mim mesma. Confundo as coisas, tenho medo do amor, medo de misturar tudo o que todas de mim pensam em dissonância com o que a sociedade pensa, e errar. Nesse rio de interrogações, acalmo-me ao ouvir Stan Getz e beber chá... queria incenso, queria solidão, mas queria o olhar da alma tua, desde que seja límpida como o mar de Fernando de Noronha. Um motivo disso tudo que pode ser nada, é exatamente o medo de viver, por não saber o que é a vida. O que é a vida? Não quero evitar dores, as dores são inevitáveis como a chuva, o sol e tudo o que é parte constitutiva da natureza, mas adoraria poder prever certas dores, para evita-las ou diminui-las.

O dia amanheceu cinza e eu cantei uma canção
Que falava do silêncio e da incerteza
Dos fatos. Das dúvidas que envolvem meus atos.

Calei-me diante do susto que é viver
Só a canção já não me basta:
Preciso dançar até chover.


Olhei por entre a janela do carro, vi o caos que é uma ventania, e lembrei do meu coração...