Escrever sobre a sensação de nostalgia parece que não pode ser outra coisa senão o desenrolar de um clichê, um indício de que o idealismo paira, de que o passado importa mais que o futuro. Mesmo assim...
Nostalgia
A minha mesa estava com a tinta descascada
Várias garrafas ornamentavam-na
e os vestígios de velas, esparramados,
sugerem uma vida que passou.
A chama, a taça, o sangue: deilatava-me
Num real inventado, sonhado, proferido
por Azevedo, dos Anjos e rock'nroll.
Uma inexistência desejada.
Chamava-me Innocenza, agora sou
Sou
Forma viva da negação.
Na minha mesa, com a pintura descascada
Existem cacos e cheiro de velas.