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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Da morte e suas faces

Olhei, na noite fria, a expressão dos olhos que traziam consigo um mar de águas turvas, os olhos estavam longe de mim, e muito perto do inferno. Em algum dia no passado, nós passeávamos nos bosques mais lindos e mais floridos, e tuas mãos quentes refletiam em meu coração a paz de luares e a loucura de vinhos que em nossas bocas escorriam, como o orvalho escorre nas plantas. Olhei, na noite fria, a expressão petrificada de um espírito que se foi, olhei o fim e o começo, a dor e o amor. Morri como um bicho que congela no inverno, sem toca para se esconder, sofri, como um bicho subordinado às maldades humanas, gritei como um bicho. Eu sou um bicho, e você... é o mar. No mar o bicho se afogou. Naquela noite fria suspirei a vida que se foi e a que veio.

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