A Solidãoninguém mais vê meus olhos
vedei-os antes que o fizessem por mim
a verdade aparece numa noite fria
vestida com um manto negro
matei-a, friamente.
outono sangrento, domingos dissonantes
singela madrigal que de mim provem
meia-noite
meia-luz
meia-estação
as formas cansadas dos rochedos
às faces de minha insônia
canção sombria, canção assaz desgraçada
escutai-me: apressa-te ao teu deserto
para que de Deus
chegues mais perto.
Lucineli Pikcius
Poesia EmpoeiradaDó... Leva a mão ao bolso da camisa desabotoada, procurando o cigarro que acompanha o conhaque.
Ré... Dá um trago, um gole, mais um gole, levanta-se.
Mi... Procura os cantos da casa, observa, olhar gelado, mecanizado.
Fá... Olha pela janela, respira fundo, fecha a cortina, deita, levanta, senta, levanta, encontra o espelho
Sol... Orgulha-se de se ter, de se ser, vê o fundo do espelho vazio e sabe, e se engana.
Lá... Silêncio da Cicuta,
Si Titubeia...
Lucineli Pikcius/2006-2010