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quinta-feira, 23 de abril de 2015

Aurora


O que mais desejei nos últimos dias foi a calmaria das coisas mais simples da vida, coisas que não se vende no mercado capitalista... Criei problemas novos para resolver problemas históricos que eu própria estava reproduzindo, e o desespero dos fatos caóticos anuviou meus pensamentos por um instante largo, mas breve. Nesse caos conheci um lado da vida tão obscuro que eu poderia dizer que parece o inferno, se eu fosse cristã. Percebi que nessa obscuridade caótica reside sonhos revolucionários que, sem encontrar espaço, constroem espaços ilusórios de libertação. E a libertação aprisiona, pois é falsa. Reconheci como já fui menos e como já fui mais, como o bom e o mal são partes de uma coisa só. O que mais desejei nos últimos dias foi força pra continuar resistindo, e fazer com que meu caos seja re-significado, e que um pouco de harmonia chegue enfim. Desejei ter mais controle de mim mesma, desejei ficar sozinha, fugir, desejei concertar o que se passa na minha cabeça, desejei fazer coisas que antes eram coisas tão simples. Senti tristeza, medo, insegurança, desespero, mas agora sinto que estou absolutamente apta a sentir o contrário de tudo isso. Senti que hoje o sol começou a nascer, e junto a ele uma leve chuva vem regando as sementes espalhadas durante toda essa tempestade, dessas sementes nasceram mulheres livres e fortes, dentre elas estou eu, e que eu mesma consiga gerar novas mulheres, sem precisar usar meu ventre.

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